Crise climática, negacionismo científico, catástrofes ambientais, desmonte de órgãos fiscalizadores no Brasil. Sem dúvidas, este é um momento oportuno para publicarmos o primeiro livro de criminologia verde no país. A criminologia verde está enraizada na criminologia crítica e está atenta aos danos causados pelo capitalismo, especialmente através de condutas praticadas por agentes poderosos. Ela propõe o estudo de crimes e danos ambientais que afetam a vida humana e não humana, os ecossistemas e a biosfera. Mais especificamente, explora e analisa: as causas estruturais, as consequências e a prevalência de crimes e danos ambientais, as respostas e a prevenção de crimes e danos ambientais pelo sistema jurídico, pela ação de entidades não-governamentais e movimentos sociais, bem como o sentido e as representações mediadas de crimes e danos ambientais. Além de propor novas perguntas e conduzir a inovações na teoria e nos métodos, a criminologia verde também compartilha algumas das características clássicas que definiram a tarefa criminológica, abordando questões simples: Por que e como as leis são produzidas e violadas? O que pode ser feito em resposta? Por que alguns atos são criminalizados e outros não, mesmo quando estes podem acarretar muito mais danos, a exemplo da poluição e da extração de petróleo e de carbono? Ao mesmo tempo, o conhecimento proveniente da periferia do capitalismo, ou Sul Global, reflete uma imprescindível compreensão do ambiente natural para estudar e combater a degradação ambiental e, não menos importante, contribuir com um campo acadêmico que compreenda melhor e dê passos maiores no sentido de conter práticas ambientalmente destrutivas. Necessariamente, este campo será crítico ao capitalismo, em sua sanha devoradora da natureza, identificando, no centro da análise, o papel do racismo, do androcentrismo, do antropocentrismo e do especismo na hierarquização de corpos prevalentemente atingidos pelos danos socioambientais.
de Nardin Budó, M., Rodriguez Goyes, D., Natali, L., Sollund, R., Brisman, A. (a cura di). (2022). Introdução à criminologia verde: Perspectivas críticas, descoloniais e do Sul. São Paulo : Tirant Brasil.
Introdução à criminologia verde: Perspectivas críticas, descoloniais e do Sul
Natali, L;
2022
Abstract
Crise climática, negacionismo científico, catástrofes ambientais, desmonte de órgãos fiscalizadores no Brasil. Sem dúvidas, este é um momento oportuno para publicarmos o primeiro livro de criminologia verde no país. A criminologia verde está enraizada na criminologia crítica e está atenta aos danos causados pelo capitalismo, especialmente através de condutas praticadas por agentes poderosos. Ela propõe o estudo de crimes e danos ambientais que afetam a vida humana e não humana, os ecossistemas e a biosfera. Mais especificamente, explora e analisa: as causas estruturais, as consequências e a prevalência de crimes e danos ambientais, as respostas e a prevenção de crimes e danos ambientais pelo sistema jurídico, pela ação de entidades não-governamentais e movimentos sociais, bem como o sentido e as representações mediadas de crimes e danos ambientais. Além de propor novas perguntas e conduzir a inovações na teoria e nos métodos, a criminologia verde também compartilha algumas das características clássicas que definiram a tarefa criminológica, abordando questões simples: Por que e como as leis são produzidas e violadas? O que pode ser feito em resposta? Por que alguns atos são criminalizados e outros não, mesmo quando estes podem acarretar muito mais danos, a exemplo da poluição e da extração de petróleo e de carbono? Ao mesmo tempo, o conhecimento proveniente da periferia do capitalismo, ou Sul Global, reflete uma imprescindível compreensão do ambiente natural para estudar e combater a degradação ambiental e, não menos importante, contribuir com um campo acadêmico que compreenda melhor e dê passos maiores no sentido de conter práticas ambientalmente destrutivas. Necessariamente, este campo será crítico ao capitalismo, em sua sanha devoradora da natureza, identificando, no centro da análise, o papel do racismo, do androcentrismo, do antropocentrismo e do especismo na hierarquização de corpos prevalentemente atingidos pelos danos socioambientais.I documenti in IRIS sono protetti da copyright e tutti i diritti sono riservati, salvo diversa indicazione.